USF Oceanos

A Unidade de Saúde Familiar Oceanos iniciou a sua atividade assistencial no ano 2000, ainda como RRE, e mais tarde em 2008, como Modelo B, na Missão para os Cuidados Primários do Ministério da Saúde. Somos 25 elementos (nove médicos, nove enfermeiros e sete secretárias clínicas) organizados por equipas de saúde multidisciplinares direcionadas para os cuidados de saúde primários ao utente/ família/ comunidade.

A USF Oceanos está integrada na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE, que inclui o Hospital Pedro Hispano e restantes Unidades de Saúde do Concelho de Matosinhos. Esta relação próxima dos Cuidados Primários e Hospital proporciona um acompanhamento integral dos utentes da comunidade nas diferentes fases da vida e na prevenção, tratamento, recuperação e continuidade de cuidados.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Ostomias


Foi operado e praticaram-lhe uma ostomia. Esta operação que lhe pode parecer tão rara é uma solução para resolver diversas doenças digestivas, urológicas e respiratórias. Sofre-se uma mudança física importante. A partir de agora o estoma substituirá um orifício natural, ânus (Colostomia, Jejunostomia, Ileostomia), boca (Gastrostomia), nariz (Traqueostomia) ou uretra (Urostomia, Cistostomia). 


Iremo-nos focar sobre os estomas do sistema digestivo e urinário, entre eles:
  •            Colostomia - O estoma situa-se ao nível do cólon, sendo conservado parte do intestino grosso, que continua a realizar as suas funções, particularmente a reabsorção dos líquidos digestivos. Pode ser ascendente, transversa, descendente ou sigmóide, considerando a zona em que se situa.


  •            Ileostomia - O estoma é realizado no final do intestino delgado, sendo o intestino grosso totalmente suprimido. Na ileostomia, as fezes são mais líquidas uma vez que a absorção da água ocorre no intestino grosso. 




  •            Urostomia - Consiste em interligar as vias urinárias à parede abdominal. As urostomias cutâneas são as mais comuns e incluem a ureterostomia cutânea (estoma criado a partir dos ureteres), a cistostomia (a partir da bexiga) e a nefrostomia (a drenagem de urina começa a partir do rim).
           

  •    Gastrostomia - A cirurgia é realizada em pacientes que perderam, temporária ou definitivamente, a capacidade de deglutir os alimentos, tanto em consequência de lesões cerebrais graves, como transtornos do trato gastrointestinal superior.


          



O que muda na vida diária?

As outras pessoas percebem que estou a usar um saco?    O meu cheiro vai incomodar?        Vou usar as mesmas roupas?      Posso fazer exercício físico?      Vou conseguir ir de férias?       Vou continuar a comer o que comia antigamente?      Vou conseguir ter uma vida sexual normal?       Posso tomar banho normalmente?

Conselhos para a vida diária…

Higiene Pessoal: Pode tomar banho com ou sem saco, de imersão ou duche;

Vestuário: Pode continuar a usar a mesma roupa de antigamente. Os cintos não devem ficar sobre o estoma e, ao usar cinta, esta deve ter um orifício à medida do estoma;

Atividade Profissional: Pode retomar o trabalho 6 a 8 semanas após a cirurgia, no entanto, deve evitar atividades que exijam demasiado esforço;

Desporto e Lazer: Saia de casa com a família e os amigos, pode ir à praia e nadar normalmente. Evite desportos violentos como judo, karaté, boxe e rugby;

Viagens: Leve o material necessário para esse período de tempo, se possível em maior quantidade. Leve as referências que estão nas caixas e, se viajar de avião, deve levar o material de ostomias na bagagem de mãos;

Sexualidade: Partilhe os sentimentos com o seu companheiro (a) e fale abertamente com a enfermeira estomaterapeuta, com a enfermeira de família ou com o médico;

Bolsa de segurança: Possua alguns dispositivos já recortados (dois ou três), lenços de papel ou papel higiénico macio, um saco para sujos e uma garrafa pequena de água.

Alimentação: Deve optar por uma alimentação rica em legumes (principalmente verdes) e frutas, efetuar 5 a 6 refeições diárias e beber cerca de 1,5L de água por dia. Consoante o tipo de alimentos que ingerir, as características das fezes podem-se alterar.

Alimentos que diminuem o cheiro das fezes/gases
Alimentos que irritam o estoma

Alimentos que provocam gases

Alimentos que provocam obstipação

Alimentos que podem provocar diarreia
Alimentos que aumentam o cheiro nas fezes/gases
Iogurtes
Espinafres
Salsa
Alface

Condimentos fortes
Sumo de fruta ácida



Feijão
Ervilhas
Legumes
Cebolas
Pão
Bolos
Chocolates
Fermentos
Cerveja
Refrigerantes
Arroz
Batata
Banana
Queijo seco
Frutos secos
Compota de maçã

Leite
Feijão
Figos
Ameixas
Morangos
Melancia
Laranja
Kiwi
Cerveja
Vegetais crus e cozidos
Ovos
Cebola
Queijo
Peixe
Espargo
Alho
Café
Couve












Cuidados ao estoma e à pele peristomal

      1.    Observe a pele na área peristomal - hemorragia, eritema, secreção, tumefação, etc.;

2.    Higienize com água e sabão de pH neutro, toalhetes sem álcool ou com NaCl a 0,9%;

3.    Seque bem, sem esfregar, a pele envolvente.


Para trocar o saco…

1.    Meça o diâmetro do estoma e desenhe no papel protetor do penso a forma exata do estoma, para que o recorte seja o mais próximo do seu tamanho e formato;

2.    Passe o dedo indicador em volta do recorte para amaciar e tirar algumas arestas. Se existir alguma imperfeição na zona peristomal, aplique uma pasta protetora para nivelar a pele e aplicar o saco corretamente;
     3.    No caso de ser um dispositivo de uma peça, o saco deverá ser aplicado de baixo para cima e retirado de cima para baixo.


Conclusão

É muito importante que saiba que, em pouco tempo, se adaptará a esta nova situação e poderá levar uma vida tão normal como antes da operação, e até melhor, pois a sua doença ficou para trás.





Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE OSTOMiZADOS. Tópicos dietéticos para o ostomizado [Em linha]. [Consult. julho de 2015]. Disponível em www:http://www.apostomizados.pt/pt/ item/9 -artigos/304 -topicos -dieteticos -para - o –ostomizado
CASCAIS, Ana Filipa [et al.] - O impacto da ostomia no processo de viver humano. Texto Contexto Enferm. [Em linha] Vol. 16, nº 1 (2007). p.163 -167 [Consult. julho de 2015]. Disponível em http://www.scielo.br/ pdf/tce/v16n1/a21v16n1.pdf
(Artigo baseado na formação “Ostomias” das estagiárias de enfermagem Diana Faria e Márcia Ferreira)