USF Oceanos

A Unidade de Saúde Familiar Oceanos iniciou a sua atividade assistencial no ano 2000, ainda como RRE, e mais tarde em 2008, como Modelo B, na Missão para os Cuidados Primários do Ministério da Saúde. Somos 25 elementos (nove médicos, nove enfermeiros e sete secretárias clínicas) organizados por equipas de saúde multidisciplinares direcionadas para os cuidados de saúde primários ao utente/ família/ comunidade.

A USF Oceanos está integrada na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE, que inclui o Hospital Pedro Hispano e restantes Unidades de Saúde do Concelho de Matosinhos. Esta relação próxima dos Cuidados Primários e Hospital proporciona um acompanhamento integral dos utentes da comunidade nas diferentes fases da vida e na prevenção, tratamento, recuperação e continuidade de cuidados.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Sol e a Pele



Radiação Solar
           
        A radiação solar é essencial para a vida, mas contudo pode ter efeitos nefastos caso a exposição seja em excesso.



A radiação solar é constituída por vários tipos de raios solares. Entre eles destaca-se a radiação Ultra Violeta (UV) que é a que causa efeitos biológicos mais pronunciados sobre a pele Humana.


Parte da radiação UV é filtrada pela camada de ozono atmosférico, chegando apenas 10% da mesma a atingir a Terra.


Existe 3 tipos de radiação UV:

UVA:
  • Representa 95% da radiação UV que atinge a superfície da Terra; 
  • Apresenta um maior comprimento de onda, mas baixa energia. 
  • Atravessam as nuvens, o vidro, são indolores e penetram na pele em grande profundidade; 
  • É responsável pelo bronzeado imediato e de curta duração; 
  • É responsável pelo fotoenvelhecimento, ou seja, pelo envelhecimento prematuro da pele (causa o envelhecimento das fibras elásticas e de colagénio), levando ao aparecimento de rugas e manchas; 
  • É produtora de radicais livres, o que faz com seja capaz de produzir reações inflamatórias na pele e danos no ADN (danos indiretos), levando a possíveis cancros da pele, nomeadamente o melanoma; 
  • Está também implicada na supressão de funções imunitárias que podem desencadear doenças como o lúpus eritematosos, erupção polimorfa à luz e a fotoalergia. 

UVB:
  • Representa 5% da radiação UV que atinge a Terra. 
  • Apresenta menor comprimento de onda que a radiação UVA, mas é mais energética. 
  • É retida pelas nuvens e pelo vidro, mas consegue penetrar na epiderme; 
  • É absorvida em grande parte por proteínas e outros constituintes epidérmicos, tal como a melanina, o que permite minimizar a penetração da radiação UV nas camadas mais profundas da pele; 
  • É responsável pelo bronzeado tardio e de longa duração; 
  • É responsável pela formação do eritema decorrente da exposição solar (a queimadura solar), pelos danos diretos causados ao nível do ADN, pelo espessamento da córnea (levando à formação de cataratas) e pela melanogénese. Esta, também, é responsável por uma variedade de doenças de pele, incluindo os cancros de pele não melanocíticos (carcinoma das células basais e escamosas) e melanocíticos (melanomas). 
  • É responsável pela síntese de vitamina D, mas é necessário apenas uma exposição moderada a esta radiação. A vitamina D é útil na prevenção do raquitismo em crianças e na osteoporose em adultos idosos 

UVC:
  • É a radiação com um comprimento de onda mais curto, sendo retidas totalmente pela camada de ozono.



Efeitos Agudos ou Imediatos da Exposição Solar

Queimadura Solar:          

A radiação UVB tem a capacidade de induzir eritema solar que correspondente a uma queimadura solar. Neste processo, dá-se uma reação inflamatória, com vermelhidão, dilatação dos vasos sanguíneos e aumento da temperatura, verificando-se a lesão das células devido à radiação. 

A queimadura solar pode aparecer em qualquer tipo de pele exposta à radiação solar excessiva. Esta normalmente aparece entre 1 a 10 horas após a exposição solar. 

Dependendo da intensidade da radiação recebida, duração da exposição e tipo de pele individual, a queimadura solar poderá ser de grau 1, 2 ou 3. 

Como as queimaduras solares na sua maior parte são de grau 1, após uma queimadura solar deve-se: 
  • Aplicar água fria imediatamente, com compressas ou água corrente. 
  • Aumentar a hidratação oral (pelo menos 2 l/dia) – a pele perde líquidos ao estar exposta por longos períodos ao sol. 
  • Aumentar a Hidratação cutânea através da aplicação de emulsões, leites, loções ou geles que contêm na sua composição elevado teor de água. Neste tipo de formulações entram outras substâncias que ajudam a aliviar os sintomas como: Óxido de zinco , Vitamina A, Aloé Vera (A frescura do gel alivia a dor e reduz a vermelhidão e a inflamação), Vitamina E. 
No caso de uma queimadura solar mais severa deve-se recorrer aos serviços de saúde.


Efeitos Crónicos ou tardios da Exposição Solar

Uma queimadura solar só por si não é capaz de induzir um cancro de pele mas os efeitos deletérios ficam gravados na nossa pele e vão sendo somados ao longo da nossa vida.

Todos esses efeitos da radiação solar vão tornando a pele cada vez mais seca, com menos elasticidade, levando também ao aparecimento de rugas, discromias (áreas mais claras alternado com áreas mais escuras), aparecimento de sardas do sol, queratoses actínicas e seborreicas e mais tarde cancro da pele.

Fatores de Risco

Queimaduras solares (em particular na infância/adolescência) ou exposição solar repetida ao longo da vida por ex. Em pessoas com profissões ao ar livre como trabalhadores rurais, pescadores, etc.. 
  •  Fototipo I/II e/ou presença de sardas; 
  •  Múltiplos sinais (>50 no tronco); 
  •  Sinais atípicos (com mais de 6 mm, irregulares na forma, bordo e cor); 
  •  História pessoal ou familiar de cancro da pele; 
  •  Imunossupressão (defesas diminuídas, por ex. transplantados, doentes com SIDA)





Prevenção
            De forma a evitar os efeitos nocivos da exposição solar, é necessário adotar certos comportamentos preventivos, sendo estes:

>  Evitar a exposição solar nas horas de intensidade máxima:


      >  Utilizar um proteção solar conforme o fototipo:
            

Os filtros ultravioletas (UV) são substâncias que estão presentes nos protetores solares. Estes apresentam capacidade de interagir com a radiação incidente, através de 3 mecanismos básicos: reflexão, dispersão e absorção.

Os filtros UV podem ser divididos em filtros inorgânicos (físicos) que funcionam como uma barreira física, refletindo ou dispersando a radiação incidente; ou orgânicos (químicos): são moléculas que interferem na radiação incidente por meio do mecanismo de absorção.

Em Portugal, a classificação do nível de eficácia do protetor solar é realizada através do Fator de Proteção Solar - FPS (ou simplesmente FS). Quanto maior for o número do FPS maior é o nível de proteção contra os raios UVB. 


Grande parte dos protetores solares possui filtros solares para ambas as radiações UV (UVA e UVB), sendo aconselhável a preferir um que possuía ambos os filtro solares.

Aplicação protetor solar:
  • O protetor solar deve ser aplicado 20 a 30 minutos antes da exposição solar, e 20 minutos antes de mergulhar; 
  • Deve ser aplicada uma camada generosa (2mg/cm2), nunca esquecendo as orelhas, a nuca e os pés; 
  • Deve-se renovar aplicando novamente protetor solar a cada 2 horas e após mergulhar ou transpiração excessiva.


> Utilizar vestuário adequado:
  •      Peças de roupa leves, largas e frescas, de preferência de algodão ou poliéster. 
  •      Se os tecidos forem pouco densos, optar pelas cores escuras. Quando o tecido é mais denso, não poroso, optar pelas cores claras;
  •      Se andarem ao ar livre, as crianças e pessoas de pele clara devem usar chapéu, de preferência de abas largas (7 cm: proteção orelhas, nariz e testa) e óculos escuros;
  •    Os familiares de idosos que revelem insensibilidade à temperatura ambiente devem procurar aconselhá-los na roupa que utilizam.

Bibliografia

(Artigo elaborado a partir da formação de "Sol e a pele" da aluna estagiária de enfermagem Mariana Maio)