Os vómitos resultam da expulsão do conteúdo alimentar do estômago de forma
involuntária. Podem ter inúmeras etiologias entre as quais a infeciosa (nas
quais se encontra a conhecida “gastroenterite” e que muitas vezes se associa a
diarreia), as perturbações do canal auditivo interno (por exemplo, o síndrome
vertiginoso), as metabólicas e outras.
Quando temos um episódio de vómito, devemos fazer uma pausa alimentar de 30
minutos e, gradualmente, iniciarmos a ingestão de líquidos (água ou chá com
adição de açúcar, formulações hidroeletrolíticas pediátricas ou para adultos)
em pequenas quantidades consoante a nossa tolerância.
No caso das crianças, a maior parte dos quadros de vómitos não implica o
tratamento com agentes farmacológicos como a metoclopramida e a domperidona,
sendo episódios transitórios e resolúveis apenas com medidas dietéticas. Nos
adultos, podemos utilizar estes fármacos como co-adjuvantes.
Depois da tolerância dos líquidos, devemos introduzir progressivamente
alimentos de maior consistência mas mantendo uma dieta alimentar restritiva em
legumes verdes/crus, frutos crus, laticínios, gorduras, molhos. Deveremos
preferir a confeção dos alimentos sob a forma de cozidos, grelhados e
estufados, sendo a sopa branca de arroz, cenoura e cebola uma boa alternativa
(a canja, contrariamente ao que se pensa, não é uma boa aposta, pois resume-se
a água, gordura e frango). Para uma sobremesa, a gelatina ou a pêra/maçã cozida
são boas opções.
Contudo, se os vómitos persistirem, se se sentir fraco e até com a sensação
que vai desmaiar deve procurar ajuda médica. Outros sinais de alarme, são os
vómitos esverdeados, acastanhados ou com conteúdo hemático, e ainda aqueles
associados a sintomas como a dor abdominal contínua, febre que persiste por
mais de três dias. A salientar-se que no caso dos recém-nascidos com vómitos de
repetição, estes devem ser encaminhados para o serviço de urgência hospitalar.
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(Artigo baseado em: "Doutor, estou com vómitos e agora?" das Médicas Internas FE MGF Ângela Soares e Albina Oliveira)