USF Oceanos

A Unidade de Saúde Familiar Oceanos iniciou a sua atividade assistencial no ano 2000, ainda como RRE, e mais tarde em 2008, como Modelo B, na Missão para os Cuidados Primários do Ministério da Saúde. Somos 25 elementos (nove médicos, nove enfermeiros e sete secretárias clínicas) organizados por equipas de saúde multidisciplinares direcionadas para os cuidados de saúde primários ao utente/ família/ comunidade.

A USF Oceanos está integrada na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE, que inclui o Hospital Pedro Hispano e restantes Unidades de Saúde do Concelho de Matosinhos. Esta relação próxima dos Cuidados Primários e Hospital proporciona um acompanhamento integral dos utentes da comunidade nas diferentes fases da vida e na prevenção, tratamento, recuperação e continuidade de cuidados.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Será que estou com PNEUMONIA?


 A pneumonia consiste numa infecção das vias aéreas inferiores, afetando os pulmões.

O utente ou doente que apresenta pneumonia pode apresentar sinais e sintomas como febre, tosse, presença de secreções/expectoração, falta de ar /dispneia e, por vezes, uma saturação de oxigénio no sangue baixa, bem como alteração da frequência respiratória, da frequência cardíaca e dos valores de pressão arterial.

A incidência é maior nas faixas etárias mais baixas e mais elevadas, ou seja, em crianças e em idosos. Está associada a uma mortalidade significativa.

 

 

2 -  Classificação 

A pneumonia pode ser:
·         Adquirida na Comunidade – agentes mais frequentes são Streptococcus pneumoniae (o mais comum), Haemophilus influenzae e Mycoplasma pneumoniae. Seguindo-se os agentes Staphylococcus aureus, Legionella species, Moraxella catarrhalis e Chlamydia. Os vírus aparecem na etiologia em cerca de 15% dos casos.
·     Adquirida no Hospital ou Nosocomial (mesmo após alta hospitalar; utentes que vivem em instituições de saúde como lares) – os agentes envolvidos são agentes mais agressivos e que podem exigir tratamentos com antibióticos de largo espectro, que só podem ser administrados em contexto hospitalar.
·         Aspiração – nomeadamente, em utentes dependentes e/ou acamados, pós-AVC, com doenças neuromusculares, diminuição do estado de consciência, patologia esofágica, higiene dentária precária.
·    Em doentes imunocomprometidos – como doentes com VIH, doenças oncológicas, entre outros.

 

 

3 -  Exames que poderão ser úteis

Nos casos de pneumonia adquirida na comunidade e sem critérios de gravidade, os exames complementares de diagnóstico podem ser descartados e o médico pode iniciar um tratamento antibiótico empírico.
Nos restantes casos, associados a maior gravidade e utentes de risco como os referidos anteriormente, o estudo analítico com hemograma, parâmetros sugestivos de infeção, serologias, radiografia do tórax e, em certos casos, a análise microbiológica das secreções respiratórias e do sangue pode ser valiosa para o direcionamento terapêutico.


4 -   Como se avalia a gravidade?

 

Através da aplicação do CURB-65, um acrónimo cujo significado apresentamos abaixo:

  • Confusão
  • Ureia: Níveis elevados
  • Respiração: Frequência Respiratória maior que 30 ciclos por minuto.
  • Pressão arterial sanguínea (Blood pressure): sistólica menor a 90 mmHg ou diastólica menor a 60 mmHg
  • Idade maior ou igual a 65 anos.
Quantos mais critérios forem somados, maior o risco para internamento hospitalar e maior a gravidade.

 

 

5 -  O tratamento

 O tratamento passa pela administração de antibióticos (via oral ou endovenosa consoante o caso), oxigenioterapia para manutenção de uma saturação de oxigénio estável, fluidoterapia como soroterapia se anorexia, desidratação ou caso de choque e, eventualmente, analgesia.

 

 

6 -   Pode deixar sequelas?

Em alguns casos, a pneumonia pode estar associada a derrame pleural, a um empiema (uma colecção de pus), a um abcesso pulmonar, pericardite (inflamação do tecido que envolve o coração), miocardite (inflamação do músculo cardíaco), sépsis (infeção generalizada), devendo-se vigiar atentamente os doentes que não evoluem de forma favorável.

 

7 -   Posso fazer alguma coisa para evitar estas infecções?

Existe uma vacina anti-pneumocócica (contra serotipos/estirpes do agente infeccioso mais frequente) que deve ser recomendada e administrada a grupos de risco, a crianças e aos idosos, doentes com comorbilidades significativas, doenças crónicas como a diabetes, imunossuprimidos, que não têm baço, entre outras situações de risco que a justifiquem.


8 -   Mitos ou verdades?

  •  Se eu apanhar uma corrente de ar posso apanhar uma pneumonia – MITO
  • Se eu andar descalço posso estar mais susceptível a uma infeção respiratória – MITO
  • Se eu andar de cabelo molhado, arrisco-me a ter uma pneumonia – MITO
  • Devo beber líquidos muitos quentes ou muito frios para a melhorar – MITO
  • A pneumonia como é provocada maioritariamente por vírus ou bactérias pode ser contagiosa – VERDADE
  • A higiene das mãos e a evicção de contacto próximo com pessoas com pneumonia pode prevenir o seu aparecimento - VERDADE


Bibliografia:
Longmore M et al, Oxford Handbook of Clinical Medicine, 8th edition, Oxford University Press, 2010

(Artigo baseado em "O meu médico disse que eu tinha uma PNEUMONIA…" pela Médica interna FE MGF Ângela Soares)