A pneumonia
consiste numa infecção das vias aéreas inferiores, afetando os pulmões.
O utente ou
doente que apresenta pneumonia pode apresentar sinais e sintomas como febre,
tosse, presença de secreções/expectoração, falta de ar /dispneia e, por vezes,
uma saturação de oxigénio no sangue baixa, bem como alteração da frequência
respiratória, da frequência cardíaca e dos valores de pressão arterial.
A incidência
é maior nas faixas etárias mais baixas e mais elevadas, ou seja, em crianças e em
idosos. Está associada a uma mortalidade significativa.
2 - Classificação
A pneumonia pode ser:
·
Adquirida
na Comunidade – agentes mais frequentes são Streptococcus pneumoniae (o mais comum), Haemophilus influenzae e Mycoplasma
pneumoniae. Seguindo-se os agentes Staphylococcus
aureus, Legionella species, Moraxella catarrhalis e Chlamydia. Os vírus aparecem na
etiologia em cerca de 15% dos casos.
· Adquirida no Hospital ou Nosocomial (mesmo após alta hospitalar;
utentes que vivem em instituições de saúde como lares) – os agentes envolvidos
são agentes mais agressivos e que podem exigir tratamentos com antibióticos de
largo espectro, que só podem ser administrados em contexto hospitalar.
·
Aspiração – nomeadamente, em utentes dependentes e/ou acamados,
pós-AVC, com doenças neuromusculares, diminuição do estado de consciência, patologia
esofágica, higiene dentária precária.
· Em doentes imunocomprometidos – como doentes com VIH, doenças
oncológicas, entre outros.
3 - Exames que
poderão ser úteis
Nos casos de pneumonia
adquirida na comunidade e sem critérios de gravidade, os exames complementares
de diagnóstico podem ser descartados e o médico pode iniciar um tratamento
antibiótico empírico.
Nos restantes casos,
associados a maior gravidade e utentes de risco como os referidos
anteriormente, o estudo analítico com hemograma, parâmetros sugestivos de
infeção, serologias, radiografia do tórax e, em certos casos, a análise
microbiológica das secreções respiratórias e do sangue pode ser valiosa para o
direcionamento terapêutico.
4 - Como se avalia a
gravidade?
Através da aplicação do
CURB-65, um acrónimo cujo significado apresentamos abaixo:
- Confusão
- Ureia:
Níveis elevados
- Respiração:
Frequência Respiratória maior que 30 ciclos por minuto.
- Pressão
arterial sanguínea (Blood pressure): sistólica menor a
90 mmHg ou diastólica menor a 60 mmHg
- Idade
maior ou igual a 65 anos.
Quantos mais critérios forem somados, maior o risco para
internamento hospitalar e maior a gravidade.
5 - O tratamento
O tratamento
passa pela administração de antibióticos (via oral ou endovenosa consoante o
caso), oxigenioterapia para manutenção de uma saturação de oxigénio estável,
fluidoterapia como soroterapia se anorexia, desidratação ou caso de choque e,
eventualmente, analgesia.
6 - Pode deixar sequelas?
Em alguns casos, a pneumonia
pode estar associada a derrame pleural, a um empiema (uma colecção de pus), a
um abcesso pulmonar, pericardite (inflamação do tecido que envolve o coração),
miocardite (inflamação do músculo cardíaco), sépsis (infeção generalizada),
devendo-se vigiar atentamente os doentes que não evoluem de forma favorável.
7 - Posso fazer
alguma coisa para evitar estas infecções?
Existe uma vacina
anti-pneumocócica (contra serotipos/estirpes do agente infeccioso mais
frequente) que deve ser recomendada e administrada a grupos de risco, a
crianças e aos idosos, doentes com comorbilidades significativas, doenças
crónicas como a diabetes, imunossuprimidos, que não têm baço, entre outras
situações de risco que a justifiquem.
8 - Mitos ou
verdades?
- Se eu apanhar uma corrente
de ar posso apanhar uma pneumonia – MITO
- Se eu andar descalço posso
estar mais susceptível a uma infeção respiratória – MITO
- Se eu andar de cabelo
molhado, arrisco-me a ter uma pneumonia – MITO
- Devo beber líquidos muitos
quentes ou muito frios para a melhorar – MITO
- A pneumonia como é
provocada maioritariamente por vírus ou bactérias pode ser contagiosa – VERDADE
- A higiene das mãos e a
evicção de contacto próximo com pessoas com pneumonia pode prevenir o seu
aparecimento - VERDADE
Bibliografia:
Longmore M et al, Oxford Handbook of Clinical Medicine, 8th edition, Oxford
University Press, 2010
(Artigo baseado em "O meu médico disse que eu tinha uma
PNEUMONIA…" pela Médica interna FE MGF Ângela
Soares)